Colunista do Portal Ilhéus, Qila Nobre nos conduz por mais uma deliciosa crônica do cotidiano ilheense, publicada na Edição #13 do Jornal Portal Ilhéus
A manhã é desanuviada, sol tranquilo e não me traz a modorra típica de manhãs de inverno. A brisa é boba. Sem calor ou frio, eu e o clima podemos nos sentir amenos. Antes de exercitar a paciência em filas, resolvo tomar um café. O lugar no qual entro é bonito e está vazio. Estranho e comento comigo em pensamento sobre esse vazio. Mas lembro que moro numa cidade que abre tarde e fecha cedo. A garçonete parece bem acordada.
– Bom dia, moça.
– Bom dia, moço.
– Que vai querer?
– Uma xícara de café preto.
– Não quer nenhuma das opções de cafés? Nosso cardápio é super variado. E hoje tem tudo.
– Não, obrigado.
– Acrescenta alguma coisa no café? Açúcar, adoçante, mel, chantili, pedacinhos de chocolate, gotinhas de limão, mel, canela…
– Não, não. Puro mesmo. Simples. Sem açúcar.
– Certo. O nosso é moído na hora. Grão nacional de excelente qualidade. Usamos água mineral nacional muito boa e coamos ele de um jeito que mantém o sabor e o aroma.
– Tá bom.
– Algum acompanhamento?
– Não, não. Só o café.
– Tem certeza. Temos opções bem levinhas, tipo umas porçõezinhas doces e salgadas. Eu mesma me seguro pra não sair comendo tudinho.
– Hum… Acho que não. Tou meio sem fome.
– Nem umas torradinhas quentinhas com manteiguinha? Tudo artesanal, feito aqui mesmo. Bem caprichadinho.
– Aceito.
– Ninguém resiste a uma comidinha artesanal, saudável, né?
– Não aceitei pela comida. Eu não resisti foi aos teus diminutivos.
Ela me agradece gentilmente e vai providenciar meu pedido. Agradeço de volta, imaginando como seria maravilhosa uma vida em que abordarmos uns aos outros tivesse sempre a graça e o tato desse diálogo meu com a moça do café.