O meu texto de hoje foi provocado por uma fala que ouvi, onde uma pessoa disse para outra: “Rapaz, eu sei do que estou falando, estudei para isso!” Como um viciado em observar a natureza humana, fiquei logo curioso com a importância desta frase para muitas pessoas. A ela podemos associar outros tipos de falas como, por exemplo: “Você sabe com quem você está falando?”
Acho lindo que uma pessoa estude, e minha missão enquanto educador é de, justamente, provocar que mais e mais indivíduos ganhem independência, através do conhecimento. Mas estudar, e palestrar que é mais estudado que o outro, ou mesmo puxar uma discussão em cima do currículo e não das ideias, para mim, é pura arrogância intelectual. Sabe aquela história de que, quem tem dinheiro, realmente, nem aparenta ter? A mesma coisa serve para conhecimento. Quem tem conhecimento, não “arrota” isso na cara de quem quer que seja. Quem tem conhecimento, não entrega a sua paz em uma discussão onde só as bocas falam, mais os ouvidos não escutam.
A necessidade de demonstrar importância com a formação profissional, às vezes, é tão grande que, basta um título de Doutor, para que o bom dia da pessoa passe a ser direcionado, exclusivamente, à gente da sua casta, ou convívio social. Isso quando o título acadêmico não é criado pelo próprio profissional, na sua cabeça, ou no seu cartão de visitas.
Percebemos que um indivíduo é profissional quando ele cuida de gente.
É para isso que toda profissão existe. O título é uma importante recompensa para o sacrifício de se dedicar à pesquisa, nas mais variadas cearas da vida. Mas ele deveria servir, para aproximar o formado da humildade, porque só assim ele conseguirá se aproximar das pessoas e resolver os problemas destas pessoas. Adquirir conhecimento exige disciplina, mas não está escrito, em lugar algum, que esta disciplina precise te tornar mais frio e arrogante.
O ciclo de aprendizado é bem interessante e, ao analisá-lo, notamos que, no final, ter conhecimento, é ter humildade para, inclusive, adquirir mais conhecimento. Primeiro a gente NÃO percebe que não sabe nada sobre um determinado assunto. Mas a vida insiste em nos mostrar esta falha e aí sim notamos que precisamos estudar mais sobre aquilo. Ao estudar, passamos pela fase de ter a certeza que sabemos porque estudamos. Mas o conhecimento fica mesmo arraigado em nós, quando, em uma última fase, Por isso, quando estiver em uma mesa de bar e perceber que vale o bom debate de ideias, se jogue nele. Debater ideias nos engrandece e engrandece o mundo. Porém, caso esteja na mesa com alguém distribuindo arrogância intelectual, peça mais uma cerveja gelada, olhe nos olhos desta pessoa e com toda convicção diga: rapaz, eu não sei é de nada!
Fabricio Longuinhos Silva é Professor de Administração no Instituto Federal da Bahia – IFBA – campus Ilhéus. Especialista em Gestão de Pequenos Negócios e Mestre em Propriedade Intelectual para a Inovação.