O professor Fabrício Longuinhos nos leva a refletir em mais um de seus textos, dessa vez publicado na 17ª edição do Jornal Portal Ilhéus
Por Fabrício Longuinhos
É impressionante o que fazemos para atingir os objetivos dos outros. Dedicamos uma vida em um jogo, cuja lógica principal é pontuar o quanto conseguimos descobrir as respostas certas. Bem, eu acredito que quando já existem respostas prontas, o jogo não é meu e, neste caso, basta eu aprender as regras e jogar bem, para acertar a questão.
Pessoas que possuem uma formação, baseada em gabaritos, têm muito mais dificuldades para criar novas respostas. As questões A, B, C, D são as responsáveis por enquadrar a criatividade, a iniciativa, o debate e, por consequência, a inovação.
Mas existe uma luz no fim do túnel, empresas bacanas já retiraram os diplomas da primeira fase do processo de seleção de novos colaboradores. Não importa em que você se formou, ou qual nível de acertos de respostas você tem no jogo, o que importa é a sua habilidade para criar um novo jogo, sempre que for preciso.
Eu acredito que, quem foca a sua vida nas respostas certas, pode conseguir bons lugares sim, na sociedade atual. Afinal, chegamos até onde chegamos graças às respostas confirmadas, depois de perguntas bem feitas. Mas a grande questão é: para onde vamos? Se ficamos presos nas respostas atuais, evidentemente, não iremos a lugar algum, que seja novo.
Penso, também, que quem sofre por não ter encontrado a resposta certa, sofre porque somos cobrados por isso. Você pode ter tido uma ideia genial durante a prova, mas se ela não estiver no gabarito, você receberá um puxão de orelha mesmo assim.
Por muitas vezes que já pensei em respostas que não tinham nada a ver com a questão colocada, mas que surgiram pela provocação da pergunta. Ou seja, a pergunta, me gerou uma outra pergunta, na qual meus pensamentos ficavam boa parte tempo para fazer a prova. E, apesar de eu acreditar que aquilo era incrível, eu não era bem pontuado, porque eu praticamente criava outra prova em cima das questões ali abordadas.
Hoje em dia eu agradeço esta minha divagação, porque compreendi que era o meu cérebro treinando para criar perguntas e não para dar respostas. Foi aí que percebi o quanto ser curioso faz a diferença. Percebi, ainda, que perguntar é mais difícil que responder. Em um mundo onde o conteúdo está disponível, importante mesmo é saber fazer a pergunta certa para o Google. Decorar as respostas não é mais diferencial.
Sei que é redundante parabenizar quem tira boa nota. Quem sempre fez boa pontuação já deve até estar acostumado com pessoas dizendo sobre a sua inteligência. Mesmo assim, parabéns para você que é bom em achar as respostas. Existe um mundo de oportunidades já conhecidas, desenhadas e até com valores de salários e aposentadorias milimetricamente calculados e bem organizados em caixinhas chamadas de A( ); B( ); C( ) e D( ).
Mas quero dedicar este meu texto aos que perderam a viagem de fim de ano, porque não acertaram todas as respostas. Dentro do sistema de acertos e erros vocês podem não ter atingido o objetivo, mas no quesito criação de um novo mundo, certamente, vocês arrasaram ao descobrir a infinidade de perguntas e respostas contidas na opção: ( ) NENHUMA DAS RESPOSTAS ANTERIORES.
E viva o novo!
Fabricio Longuinhos Silva é Professor de Administração no Instituto Federal da Bahia – IFBA – campus Ilhéus. Especialista em Gestão de Pequenos Negócios e Mestre em Propriedade Intelectual para a Inovação.