O Zeca menino adorava o contato com a natureza e brincava muito com seus amigos à beira do Rio Cachoeira onde um dia disse ter visto a imagem de uma santa
José Serafim Filho, mais conhecido por “Zeca Serafim”, filho de Artelina Gonçalves de Santana e José Serafim Sobrinho, nasceu em 22 de março de 1921, no Banco da Vitória. De família humilde só conseguiu completar o ensino primário, mas já chamava a atenção da professora por sua inteligência e sagacidade. Tinha uma linda caligrafia.
O Zeca menino adorava o contato com a natureza e brincava muito com seus amigos à beira do Rio Cachoeira onde um dia disse ter visto a imagem de uma santa. Na idade adulta se apaixonou por Odete Nunes Silva, que morava no bairro Getúlio Vargas, atualmente bairro do Malhado, que à época era muito distante da sua residência. Para ver sua amada andava horas desde o Banco da Vitória.
Apaixonou-se perdidamente por ela, mas, em 1945, foi convocado para integrar as tropas brasileiras na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. De fato, já havia um ano que participava de operações militares no litoral com essa finalidade. Temia não ver mais a sua amada, mas o dever de servir à pátria que tanto amava era mais forte.
Felizmente, uma semana antes da partida foi anunciado o fim do conflito mundial. Dizia ele que foi uma semana de carnaval.
Casaram-se em 26 de setembro de 1951 e tiveram sete filhos, Ana, Antônio, Álvaro, Avany, Artur, Márcia e Marta, os cincos primeiros no Banco da Vitória onde moravam e onde ele tinha um comércio, “venda”, na Rua dos Artistas. Com a concepção da sexta filha, Dona Odete decidiu mudar-se para Ilhéus, para a casa da família dela no bairro do Malhado, a fim de oferecer melhores oportunidades de estudo para seus filhos. Ali ele instalou novo pequeno comércio.
Posteriormente, passou a trabalhar na inesquecível Panificadora Elite que ficava em frente à sua residência. Era o braço direito de Seu Pinheiro, proprietário da panificadora.
Lá permaneceu muitos anos e tratava o negócio como se fosse seu. Todos gostavam de ser atendidos por ele, dos “coronéis” aos meninos carentes que ele ajudava dando o que comer.
Dona Odete morreu jovem, aos 54 anos, e Seu Zeca nunca mais se casou.
Era filósofo, psicólogo, amigos de todos que passavam na esquina da Avenida Antônio Carlos Magalhães n° 1500 com a Travessa Aureliano Halla, onde residia. Sempre tinha uma palavra amiga e também era autor de conhecidas piadas.
Era um homem atualizadíssimo com a vida política e econômica do país. Acompanhava frequentemente as sessões do Congresso Nacional.
Seu Zeca, como era muito chamado, partiu em 14 de março de 2016, aos 94 (noventa e quatro) anos. Não era homem ambicioso nem apegado à matéria. Dizia sempre: “Vim ao mundo nu”. Sua maior riqueza? Sete filhos, dezessete netos, dez bisnetos. SERAFIM é nome de anjo, “os que estão mais perto de Deus”. Zeca Serafim nos deixou um legado de amor, solidariedade, humildade e muita sabedoria.
Hoje, em homenagem, José Serafim dá nome a linda praça revitalizada no bairro do Malhado. Lugar muito frequentado por moradores e estudantes.

