O novembro NEIGRO chegou e a gente tá famosa! Já que é assim, vamos lá!
Não iremos contar a história do 20 de novembro porque o Google tá aí pra quem quiser, mas, podemos trazer à luz alguns acontecimentos corriqueiros para nós na cidade de Ilhéus.
Sabe aqueles estabelecimentos comerciais feitos de branco pra branco? A gente percebe a cara de vocês quando estamos lá, os olhares nos dizendo: O QUE É QUE ESSE POVO QUER AQUI? Outro dia ouvi de uma conhecida: você vai a tal lugar assim? Não vai comigo! Você está muito desarrumada! O fato é que quando o meu corpo preto chega de short, camiseta e sandália, ele está mal vestido e é muito mal atendido. Quando o corpo do branco chega de short, camiseta e sandália, ele é simples e desprendido de vaidade. PEGUEM ESSA VISÃO.
Outra observância é sobre o trato com os nossos quando ocupamos cargos expressivos em nossos vínculos empregatícios. É bem estranho e dói em vocês brancos reconhecerem que a gente conquistou, né? Mas, a gente tá aqui, ainda que não queiram. E tá vindo um bonde enorme.
Outro fato que vocês precisam compreender: Não é toda preta que canta, que samba e que toca um instrumento. Existem pretas e pretos PROFESSORES, MÉDICOS, ENGENHEIROS, ARQUITETOS, EMPRESÁRIOS, ETC. Nós não nascemos com o DOM da música e do esporte. Precisamos estudar muito e treinar muito, mas, a gente é tão bom, mas tão bom, que vocês acham que a gente só sabe fazer isso.
Esse caso é bastante curioso e é bem clássico dos homens brancos que pagam de desconstruídos, mas querem a preta na cama e a branca pra casar. Não somos tuas brancas!
Quando vocês querem nos ensinar o que é racismo, conversar sobre luta de classe, dialogar sobre pobreza, acesso a bens e serviços, violência, etc.., utilizando MARX como referência. Meu bem, vocês têm muito que aprender sobre Interseccionalidade pra gente conversar 10 minutos!
Essa é pra feminista branca que nem sabe quem é Bell Hooks, Patricia Hill Collins, Joice Berth, Carla Akotirene, Maya Angelou, Djamila Ribeiro, Kaliana Oliveira, Luzi Borges, Valéria Martins, Alexandra Gomes, Deise Fatuma, Karen Oliveira, Angela Davis, etc, Minha filha, você já jogou onde?
Pra vocês que nos acham metidas. A gente realmente não baixa a cabeça pra quem nos quer submissas. A nossa cara alta é fruto da compreensão da força ancestral que construiu nosso caminho e que mantém firme a nossa coroa.
E antes que você, leitora ou leitor, diga que esse texto é agressivo, etc etc, esse chororô todo, entenda que estamos relatando fatos. Sinceramente, o mês de novembro pra nós é mais um em que os nossos continuam comendo menos, frequentando menos a escola, acessando menos os serviços básicos, morrendo mais, se matando mais. Não é mês de festa. Não é folclore. Ser ANTIRRACISTA não é falar de racismo em novembro. É abrir mão de seus privilégios a ponto de garantir ao outro as mesmas oportunidades que você teve/tem.
AAAAHH! RACISMO REVERSO NÃO EXISTE. Tem no Google também!
Bebam água! Usem máscara!
Texto: Tici Belmonte e Letícia Santana.