Ilhéus ganha com a Frente um espaço de diálogo aberto à participação da comunidade científica, da sociedade civil organizada e de demais agentes públicos para a preservação de sua fauna e flora
A Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente em Ilhéus foi lançada no último dia 31 de maio, em audiência pública, na Câmara de Vereadores de Ilhéus. O evento contou com participação de cinco especialistas que abordaram temas referentes às riquezas naturais da cidade, contribuindo com um debate baseado na ciência para iniciar os trabalhos desse espaço de diálogo. A mediação da mesa foi realizada pelo vereador Vinícius Alcântara, presidente da Frente.
“Este espaço vai buscar soluções de cunho legislativo para que possamos enfrentar os problemas e desafios ambientais da nossa cidade, e que só podem ser desenvolvidos a partir de um trabalho em conjunto. Se propõe também a se articular com outras Frentes e propostas congêneres, em âmbito estadual e nacional”, explicou Vinícius.
A audiência contou com a participação do vereador Cláudio Magalhães (PCdoB) e, virtualmente, da vereadora Enilda Mendonça (PT), que compõem a Frente Parlamente junto com os vereadores Edvaldo Gomes (DEM), Aldemir Almeida (PP), Gurita (PSD), Tandick Resende Júnior (PTB).
ILHÉUS: MUNICÍPIO VERDE
Reconhecida pela Unesco como um município verde, por ser um hotspot da Mata Atlântica, ou seja, uma das áreas mais ricas em biodiversidade, Ilhéus ganha com a Frente um espaço de diálogo aberto à participação da comunidade científica, da sociedade civil organizada e de demais agentes públicos. Por isso, foram convidados especialistas para tratarem de especificidades ambientais de Ilhéus e região.
Para o professor da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e presidente do Instituto Floresta Viva, Rui Rocha, a ideia que se tem da floresta ainda é muito romantizada e, por isso mesmo, desrespeitada. “Temos que olhar a floresta como um elemento fundamental da vida. Com ela, estamos falando de pesca, de cacau, de turismo, de diversas economias, além da oferta de água, energia, comida”, esclareceu.
O doutor em Geologia Marinha, Rian Pereira, lembrou as diferentes constituições da nossa costa, o que define os tipos de atividades pesqueiras que são realizadas. Membro de projetos de monitoramento de praias, ele ainda destacou a importância de áreas de restingas onde acontecem as desovas das diversas espécies de tartarugas, animais em extinção, cujas presenças de ninhos nos locais estimulam o turismo. “A ocupação desordenada prejudica a restinga e causa erosão. Além disso, a restinga é um local de desovas de tartarugas. É preciso que haja uma fiscalização mais intensa”, alertou.
Os sistemas de manguezais foi o tema abordado pela professora Erminda Couto, que atua na UESC e é membro da Câmara Temática de Pesquisa da RESEX Canavieiras. “Os manguezais estão em uma zona de encontro entre o mar e o continente, onde os rios se misturam com o mar. Eles protegem as margens da erosão. No entanto, estamos modificando muito rapidamente esse sistema. Diversos bairros de Ilhéus se desenvolveram em áreas de restinga e de mangues, que foram aterradas. Com isso, perdemos produtividade pesqueira na costa, até 40 metros de profundidade. Com os mangues, ganhamos ainda uma água mais limpa, proteção de costa, o aumento da produção de pescado de diferentes espécies, além do turismo nessa área, crescente no Brasil e no mundo”. Ela destacou, ainda, que é um local possível de realizar a apicultura e produzir mel de excelente qualidade, muito apreciado na gastronomia fina, por ter um toque de sal.
Com os levantamentos feitos pelos parlamentares e especialistas, dá para ter uma ideia da importância da iniciativa, e como serão os trabalhos da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente em Ilhéus.
Fonte: Câmara Legislativa de Ilhéus